O termo
alcoolismo é atribuído ao médico suíço Magnus Huss e foi popularizado em meados
do século XIX, sendo considerado, “inequivocamente”, como uma doença[1].
Tal conceitualização, no entanto, é objeto de discordância entre muitos, como
lembra Gary R. Collins. Segundo o autor, “O conceito de doença tende a aliviar
o alcoólatra [alcoolista] de sua responsabilidade pessoal”, e não compreenderia
a dimensão completa do problema. Nesse ponto, argumenta Collins, “em algum
momento todo bebedor decide tomar o primeiro gole”[2], o
que parece caracterizar um enfoque do ponto de vista moral na abordagem à
dependência do álcool.
Ambos as
posições são claramente observadas nas palavras de Bertolote:
Assistimos, nos últimos dois
séculos, um embate entre duas posições
predominantes polarizadas: de um lado, uma concepção
moral do fenômeno [o alcoolismo] e,
de outro, uma concepção médica que o
caracteriza como doença [grifo do
autor][3].
Tendo em vista que esta pesquisa não tem por objetivo entrar
nesta discussão de conceitos, busca-se aqui evitar uma definição que minimize a
dimensão do problema, mas que o compreenda tal como é. Por isso, é importante
considerar a definição sugerida por Bertolote. Segundo o autor, nos últimos
anos o alcoolismo tem sido devidamente definido “como um fenômeno que se
manifesta em várias dimensões, expressando-se ao longo de distintos eixos: físico,
mas também psicológico e social”[4].
Dessa forma, conclui o autor:
“O
alcoolismo não deixou de ser considerado
como uma doença, mas o fato de constituir uma doença é apenas um dos
inúmeros problemas encontrados, em associação com determinados padrões de
ingestão de álcool” [Grifo nosso][5].
Portanto, a partir do que foi evidenciado até aqui, este
trabalho assume como princípio o fato de que o alcoolismo é uma doença, mas
como sugere Burns, uma “doença
multifacetada [Grifo nosso]” em que os aspectos físico, emocional, social e
espiritual são afetados; consequentemente, o acoolista, a família e a igreja
sofrem tais consequências.
[1] BERTOLOTE, José Manoel; RAMOS, Sérgio de Paula. Alcoolismo
Hoje. Porto Alegre: Editora Artes Médicas,
1997. p.18.
[3]
BERTOLOTE; RAMOS, op.cit., p.17.
[4]
BERTOLOTE; RAMOS, op.cit., p.26.
[5]
Idem, Ibidem. Aqui o autor afirma que este é um novo conceito “numa perspectiva
histórico e social”.
Trabalho apresentado na conclusão de teologia no Seminário Concórdia em São Leopoldo - RS pelo Pastor SAMUEL REDUSS
FUHRMANN.
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